O ritmo de trabalho quebra-se com o convite para conhecer umas termas de água quente.. algures perto de Waku Kungo (kê??) a mais de 400km ao sul de Luanda. No dia seguinte é feriado e a saída combina-se em três tempos... O trabalho é muito e eu não quero descuidar-me.. mas seria impensável perder mais uma oportunidade de conhecer novas terras e gentes..
1h30m só para sair de Luanda (trânsito infernal.. como é hábito) mais cerca de 4 horas para Waku Kungo. Fora de Luanda.. estradas +/- bem cuidadas ainda que com inúmeros camiões e outras viaturas paradas na faixa de rodagem.. avariados.. acidentados.. é à escolha! Mesmo quando a estrada está boa tem que se ter muito cuidado porque nunca se sabe o que está depois da próxima curva .. ah.. e faróis.. médios.. em Angola? Esqueçam.. é tudo de máximos para cima!
Waku Kungo é um belo exemplo de uma antiga aldeia colonizada por portugueses.. grandes casas, quintas (roças) e plantações.. tudo devastado. Algumas casas foram recuperadas (poucas) e o resto está num estado lastimável.. e são o testemunho da guerra que assolou este país.
Dormimos numa residencial bem arranjadinha (para os standards locais) e no dia seguinte foi acordar e fazer mais cerca de 600km de volta (totalizando 1050km em dois dias dos quais perto de 150 foram em picada - estrada de terra -) com passagem numa termas de água quente vulcânica (a 43º!!!) perto de Conda e nas cachueiras de Gabela (rio Kevin). Houve tempo também para ver as redondezas.. ir ao mercado local.. muito bom.
Uma zona (a sul de Luanda) de planaltos, vegetação intensa e paisagens extraordinárias.. Para além disso mais uma grande oportunidade para conhecer (in loco) a forma de estar e viver destes angolanos que por mais que se queira.. é a isto que estão habituados e não se vêm a conseguir viver de outra forma que não seja numa barraca feita de tijolo de areia com telhado de palha.. sem responsabilidades.. com pouco trabalho e a usufruir daquilo que a terra lhe dá e que não é pouco.
Nunca vi terra tão fértil.. aqui tudo o que é plantado cresce.. sem ser preciso sequer regar.. o clima é húmido.. há água em abundância.. e um povo que se acomoda ao que recebe sem qualquer esforço e não quer mais.. É impressionante a dádiva que têm com estas terras e o pouco (nada!) que aproveitam.. Alguns haverá que querem mais da vida.. mas a maioria não sabe que lá fora há outras coisas.. para quê... nunca chegarão "lá". É uma pescadinha de rabo na boca que parece não ter fim.. e estar cá faz-nos entender o quanto é triste e desolador pouco ou nada poder fazer.
Resta-nos a esperança de aqueles afortunados que estão na cidade e conseguem ir à escola possam dar um futuro melhor a esta terra de grandes potencialidades.
Viagem para trás.. cansativa com direito a ver uma "candonga" acabadinha de ter um acidente e quase a participar noutro quando uma mota que vinha em sentido contrário com dois marmanjos resolveu ir ver a temperatura do alcatrão... por pouco não levámos um deles à frente.. mas penso que foi só chapa.. e também.. não ficámos para ver o espectáculo..
.. mas tudo acabou bem.. e com normalidade.. pelo menos com a normalidade angolana a que já me vou habituando.
abraços,
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