Há alturas em que, por razões inesperadas a lágrima nos vem aos olhos... o nosso olhar se perde no vazio e o sentimento de perda... de recordação... dos outros tempos felizes, ingénuos.. de descoberta, nos invade sem pedir licença.
Senti-o à pouco tempo com o desaparecimento de Raul Solnado... senti-o novamente este fim-de-semana quando soube da morte de António Sérgio. A voz que me levou a gostar de rádio, a voz que me levou a conhecer outros mundos musicais, a voz que me influenciou definitivamente a percorrer caminhos que me levaram de alguma forma a ser hoje quem sou. Para o bem e para o mal...
Ouvi o António Sérgio pela primeira vez em 1988 (nos meus 12/13 anos) quando comecei a "ouvir" música na então rádio Comercial. Lança-Chamas era o nome do programa... todos os sábados entre as 16 e as 18h. Naquela altura em que quase se podiam contar as bandas existentes pelo número de dedos das mãos... em que se sabia o nome de todos os membros de cada uma... quando nasceram... os seus gostos... quando um fã era realmente um fã... quando a música era tudo... António Sérgio era "A" voz que nós esperávamos 6 dias da semana... até chegar o tão esperado sábado.
"Hora do Lobo" e o "Som da Frente" ... programas onde António Sérgio sempre mostrou o seu vasto conhecimento da cena musical nacional e internacional. Respeitado e admirado por todos... desapareceu um dos principais ícones da musica nacional, da rádio e de (pelo menos) uma geração... a minha.
RIP
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