sábado, fevereiro 27, 2010

"ir para o céu"

Ontem o meu filho perguntou-me pelo avô Tomás e pela avó Maria.. (bisavós do Miguel) já não os via à muito tempo.. e se eles tinham ido para o céu.. não estaria altura de voltar?.. Durante a explicação fui "forçado" a usar a palavra morte.. não tenho bem a certeza se até ontem ele associava o "ir para o céu" com a "morte" .. e de certeza que não tinha nem sei em que medida ainda terá (mesmo depois da nossa conversa) noção do seu carácter definitivo.

Diz-me que gostava das bolachas que a avó tinha lá em casa quando lá iamos (eu também gostava.. disso e de muito mais).. e ao final do dia, já na cama, fomos ver umas fotografias dos avós..

Quanto a mim preocupa-me que ele entenda os factos da vida mas sem dar demasiada importância a tal.. ele terá muito tempo para explorar estes sentimentos.. aos 5 anos, não é claramente altura para isso.

.. entretanto hoje pergunta-me (com ar sério) se eu ainda vou demorar muito tempo a ir para o céu.. caraças.. ele estava preocupado.. e eu fiquei a perceber que.. ou a minha explicação do dia anterior foi clara e/ou ele realmente entendeu o que está em causa (é um rapazinho inteligente).

Hesitei.. sem saber muito bem como responder mas .. entretanto lá me decidi pela resposta mais simples e tentando afastar as preocupações que ele pudesse ter.. "Ainda não sou velhinho como os avós por isso ainda vou demorar muito tempo a ir para o céu, por isso não te preocupes".. Ele sorriu aliviado e eu engoli em seco.. esperando que tal seja verdade..

.. 5 minutos depois.. "Pai.. e eu.. ainda vou demorar muito a ir para o céu?" .. tremi, respirei fundo e tentei não me desmanchar à frente dele.. "sim Miguel... tu então ainda vais demorar muito.. tens muito para viver" (por mim.. vivias para sempre!)

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

obrigado

é hoje que regresso a Portugal.

Durante o dia houve algum stress.. há sempre qualquer coisa que fica para o fim.. mas felizmente correu tudo pelo melhor... mas este post não tem nada a ver com isso.. tem a ver sim com amizade e com pessoas que do pouco fazem muito, que dão valor ao que realmente é importante.. e que não têm medo do demonstrar.

Sim.. inevitavelmente tenho pena de deixar estes amigos aqui e é só por eles que vai este post.. ao Olivier, ao Camacho, ao Jedson, ao Beto, à Bé e à Elsa.. por me terem feito a melhor das companhias na minha última noite em Luanda. Sem eles nada tinha sido o mesmo, com eles tudo foi diferente e para sempre será recordado.

Não podendo fazer mais.. é para eles que vai, desta forma, a minha homenagem e o meu obrigado por serem quem são e por me fazerem sentir como me sinto neste momento.. feliz.

Não mudem, que eu nunca vos esquecerei.
Estão aqui.. no meu coração.

obrigado,

terça-feira, fevereiro 16, 2010

és feliz?

“Se o mar está revolto posso ficar na praia ou sair para pescar e, talvez nunca mais voltar.
Hoje sinto-me mais forte porque atravessei os desertos da alma.
Amei quem não me amou e deixei de lado quem muito me amava.

Atravessei caminhos nem sempre floridos que me deixaram marcas profundas.
Por isso, tenho nas minhas mãos bem mais que a vida.
Tenho a dúvida e a certeza, a esperança e o medo, o desejo e a apatia, o trabalho e a preguiça e dou-me o direito de errar sem me cobrar e acertar sem me gabar porque descobri no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir e decidi de uma vez por todas ser simplesmente feliz e esse caminho não tem volta”

(Autor desconhecido)

Com a devida vénia à Flor.
obrigado,

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

em boa companhia



São estas as minhas companhias todas as noites... não sei de quem foi a ideia.. (imagino..) mas não são má companhia.. sossegadas.. não reclamam e bonitas .. bem bonitas.

sábado, fevereiro 13, 2010

futebol em brasa

Tive hoje a minha primeira experiência de futebol em Angola. Pensava eu que estava preparado para o calor que ia apanhar... 9 da manhã e o campo parecia que estava incandescente... um calor imenso e só de lá entrar a minha camisola (cedida gentilmente por Olivier e Olivier Lda.) já estava colada ao corpo. Durei 30 minutos.. depois pedi licença e encostei às boxes. O calor era tanto que comecei a ficar mal disposto e com dificuldades em respirar... "MARICAS!!" .. epá.. pois.. temos pena. :)

Lá fui descansar um pouco para a sombra.. e o mais irritante disto tudo é que fisicamente não estava muito cansado.. mas o calor.. uff.. não deu.. Quando senti que podia jogar mais 10 ou 15 minutos(sim.. mais que isso não!!) .. acabou o jogo .. boa!... :) Pronto.. deu para correr um bocadinho com malta porreira... "Da próxima vez já custa menos.." pois.. mas não vai haver próxima vez pelo menos para já.. talvez numa próxima visita.


Angolano que não é benfiquista.. nasceu na terra errada!!


Um autocarro (ou .. uma candonga de maiores dimensões) com ar condicionado ligado sempre à temperatura ambiente..

e pronto.. regresso à Univesidade.. almoço e trabalhar de tarde..

beijos e abraços!

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

tempestade



Tirei esta foto hoje perto das 18h30. Aproximava-se de Luanda uma tempestade de dimensões brutais... fui a correr ao quarto buscar a máquina e ainda consegui tirar esta.. depois.. fiquei sem bateria ... #$#%#$ enfim.. houve mais quem tirasse fotos.. vou ver se arranjo..

32º, uma humidade brutal.. e de repente Luanda começa a desaparecer sob uma nuvem de pó arrastada pela força da tempestade. Parecia lá longe mas em poucos minutos a tempestade cobriu Luanda, começaram ventos fortes e depois.. alguma chuva (não muita), trovões e relâmpagos.

O efeito que a tempestade fez foi extraordinário. Luanda parecia estar a ser vista através de um filtro dourado. Para onde olhássemos tudo era amarelo.. do pó e do reflexo que as réstias de sol faziam nas nuvens. O mar rapidamente acedeu aos fortes ventos e levantou-se uma ondulação forte e picada.

Dizem que é relativamente normal por estes lados surgir uma destas tempestades tropicais. Nunca tinha visto, pelo menos com um efeito destes.. a rapidez com que apareceu.. cobriu o céu de Luanda primeiro de amarelo.. depois de negro e com que depois desapareceu. Muito bonito.. e terrivelmente impressionante a força da Natureza..

Acho que de vez em quando ver algo assim não é mau.. mostra-nos quem realmente manda.. neste planetazinho e o quão pequeninos somos:
"Podia dar cabo de vocês agora.. hum.. mas hoje não me apetece.. vou só lançar uns ventitos e umas pingas.. vá.. saiem uns trovões e relâmpagos também senão isto fica um pouco amaricado.. para a próxima.. logo se vê!!"

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

sem tirar nem pôr..

Não posso deixar passar este texto que recebi numa das listas que subscrevo.. e caraças!! Como gostava de ter sido eu a escrever isto.. O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista. Ainda há quem tenha os olhos abertos e saiba o que realmente é importante e o consiga dizer ... sem espinhas.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.

Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.

Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

de Luanda com.. calor

O trabalho está a andar.. Espero até ao final desta semana ter pelo menos 6 das 9 tarefas propostas terminadas. Quer isto dizer que as coisas estão a correr como previsto; a calendarização até não foi mal planeada na sua relação nº tarefas/tempo.. A verdade é que com o tempo e com a quantidade de previsões, calendarizações e planeamentos que já fiz vai-se tendo realmente uma noção do "custo" das tarefas e já não nos deixamos surpreender com tanta facilidade.

Naturalmente, terminados os pontos previstos irei ver em que mais posso ajudar e há muito por onde pegar.. por isso não terei concerteza dificuldade em preencher o meu tempo com o trabalho, que actualmente ocupa entre 10 a 12h/dia.

É uma outra realidade.. porque pouco mais há para fazer aqui... Vale a quem está cá (sim... eu não conto, porque 3 semanas metem-se na cova de um dente) as horas "cuca light", os passeios ao fim-de-semana e uma relação aberta e franca entre todos os "residentes".. caso contrário.. isto seria muito mais complicado de suportar.

Hoje pela primeira vez desde que cá estou (e com excepção de um passeio na praia no fim-de-semana) fiz algum exercício físico.. correr numa passadeira.. bem é melhor que nada e dado o tempo disponível.. é o que se arranja. A seguir jantar, ver se a Académica ganha ao Porto.. e depois voltar ao trabalho.



Luanda: em permanente construção e grande desordenamento territorial..



O típico cruzamento.. o trânsito em Angola é infernal..
Um funcionário dizia-me hoje que acordando às 5.30 chegava com dificuldade à Universidade para trabalhar pelas 8.30 da manhã. Mora em Viana, um dos grandes bairros (musseques) da perifieria de Luanda a cerca de 10km.

"Para andar bem na cidade... é entre a meia-noite e as 4 da manhã" ... boa!

domingo, fevereiro 07, 2010

Sangano

Trabalho sábado de manhã (para quem diz que é só passeio!!) e perto das 14h30m saímos. Compras a meio caminho.. sem esquecer as cucas da praxe e lá fomos. A 110km a sul de Luanda situa-se a praia de Sangano em pleno Parque Natural da Quiçama, onde iriamos passar a noite e a manhã de domingo, para depois regressar.

A meio caminho, o miradouro da Lua, local de visita obrigatório para poder apreciar as suas magníficas paisagens quase.. lunares..




O miradouro da lua!

Depois disso... a praia do Sangano. Chegámos já com o pôr do sol, foi montar tendas e.. banho!.. com uma água... e-x-t-r-o-r-d-i-n-á-r-i-a... Provavelmente uma das melhores praias onde já estive.. água quente.. ambiente sem stress, tudo limpinho (um caso raro em Angola) e com um barzinho ali ao lado onde pudémos apreciar uma belíssima caipirinha e beber o nosso cafézinho do dia seguinte.

Ainda deu para ver o Benfica.. mas.. mais valia termos estado quietos..



Alvorada às 7h depois de uma noite bem dormida... e.. banho!! Pequeno-almoço e.. banho! .. 2 dedos de conversa e .. banho!! .. digamos que foi uma manhã atarefada.. entre banhos, um cafézinho... banhos.. um passeio na praia.. banhos.. enfim.. vida dura!

Saímos perto das 14h depois de comprar lagosta para a massada que começa já a ser um ritual aos domingos à noite na Univ, cortesia do cozinheiro Olivier.. Nem vos vou dizer o preço a que se compram as lagostas aqui.. é digamos.. baratinho..
No caminho de volta ainda parámos no mercado da Arte em Benfica onde comprei uma ou outra recordação .. depois de regatear o preço .. incessantemente.. :)




Angola é de uma extrema pobreza.. mas a riqueza natural é imensa e está ali para que alguém faça por ela. Esta praia.. o miradouro da Lua.. toda a reseva natural de Quiçama onde passa o rio Kwanza e que nós atravessámos, são só alguns exemplos. É quase como ver o paraíso já ali, tão perto e ao mesmo tempo tão longe.. demasiado longe..

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Waku Kungo: O regresso..



Uma das cachoeiras de Gabela.



o Rio Kevin... fortes correntes.



As termas de água quente.. "põe lá que não coze.. e depois habituaste depressa"... pus.. não cozeu.. mas custou a habituar..
Quando tirei as pernas de lá (sim.. só as pernas) parecia que tinha o sangue a circular numa auto-estrada.. muito bom.



uma aldeia local.. que se chamava.. hum.. não sei!



excelente.. o planalto.. a vista..



de regresso..

Waku Kungo



Uma igreja "portuguesa".. conseguem adivinhar do que são aqueles buracos na parede?



O mercado local.. e dois turistas pé descalço..



Uma loja (mini-mercado) da zona.



Uma perspectiva de um dos jardins bem "aportuguesados" de Waku. Arranjadinho este.. aliás.. fora de Luanda tudo é muitoooo mais arranjadinho.

Passeio a Waku Kungo

O ritmo de trabalho quebra-se com o convite para conhecer umas termas de água quente.. algures perto de Waku Kungo (kê??) a mais de 400km ao sul de Luanda. No dia seguinte é feriado e a saída combina-se em três tempos... O trabalho é muito e eu não quero descuidar-me.. mas seria impensável perder mais uma oportunidade de conhecer novas terras e gentes..

1h30m só para sair de Luanda (trânsito infernal.. como é hábito) mais cerca de 4 horas para Waku Kungo. Fora de Luanda.. estradas +/- bem cuidadas ainda que com inúmeros camiões e outras viaturas paradas na faixa de rodagem.. avariados.. acidentados.. é à escolha! Mesmo quando a estrada está boa tem que se ter muito cuidado porque nunca se sabe o que está depois da próxima curva .. ah.. e faróis.. médios.. em Angola? Esqueçam.. é tudo de máximos para cima!

Waku Kungo é um belo exemplo de uma antiga aldeia colonizada por portugueses.. grandes casas, quintas (roças) e plantações.. tudo devastado. Algumas casas foram recuperadas (poucas) e o resto está num estado lastimável.. e são o testemunho da guerra que assolou este país.

Dormimos numa residencial bem arranjadinha (para os standards locais) e no dia seguinte foi acordar e fazer mais cerca de 600km de volta (totalizando 1050km em dois dias dos quais perto de 150 foram em picada - estrada de terra -) com passagem numa termas de água quente vulcânica (a 43º!!!) perto de Conda e nas cachueiras de Gabela (rio Kevin). Houve tempo também para ver as redondezas.. ir ao mercado local.. muito bom.

Uma zona (a sul de Luanda) de planaltos, vegetação intensa e paisagens extraordinárias.. Para além disso mais uma grande oportunidade para conhecer (in loco) a forma de estar e viver destes angolanos que por mais que se queira.. é a isto que estão habituados e não se vêm a conseguir viver de outra forma que não seja numa barraca feita de tijolo de areia com telhado de palha.. sem responsabilidades.. com pouco trabalho e a usufruir daquilo que a terra lhe dá e que não é pouco.

Nunca vi terra tão fértil.. aqui tudo o que é plantado cresce.. sem ser preciso sequer regar.. o clima é húmido.. há água em abundância.. e um povo que se acomoda ao que recebe sem qualquer esforço e não quer mais.. É impressionante a dádiva que têm com estas terras e o pouco (nada!) que aproveitam.. Alguns haverá que querem mais da vida.. mas a maioria não sabe que lá fora há outras coisas.. para quê... nunca chegarão "lá". É uma pescadinha de rabo na boca que parece não ter fim.. e estar cá faz-nos entender o quanto é triste e desolador pouco ou nada poder fazer.

Resta-nos a esperança de aqueles afortunados que estão na cidade e conseguem ir à escola possam dar um futuro melhor a esta terra de grandes potencialidades.

Viagem para trás.. cansativa com direito a ver uma "candonga" acabadinha de ter um acidente e quase a participar noutro quando uma mota que vinha em sentido contrário com dois marmanjos resolveu ir ver a temperatura do alcatrão... por pouco não levámos um deles à frente.. mas penso que foi só chapa.. e também.. não ficámos para ver o espectáculo..

.. mas tudo acabou bem.. e com normalidade.. pelo menos com a normalidade angolana a que já me vou habituando.

abraços,

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

e ao 4º dia..

e ao 4º dia... o 2º aniversário. Uma boa média...

Por estas paragens todos são uma familia e só assim é que tudo isto faz sentido e é suportável. Isso é notório nestes dias.. em que um aniversário mobiliza amigos, colegas e (outros) conhecidos. E nessas alturas tudo pára.. e dá-se importância àquilo que realmente é importante e que une estas pessoas a 6000km de casa.. a amizade.

Sendo só a 4ª vez que cá estou (e por curtos períodos de tempo) é realmente "estranho" e muito pouco usual a forma como rapidamente me sinto à vontade e confortável no meio deste ambiente. Estranha-se.. depois entranha-se e todos sabem que só pode ser assim, caso contrário a curto prazo tudo isto se tornaria insustentável.

Não tenho duvidas que é esta amizade que faz com que, inclusivamente, a própria Universidade tenha tido a projecção que teve e esteja tão bem referenciada em Luanda. A amizade foi e tem sido factor fundamental no crescimento desta instituição.

Lá fora (da Univ) muita coisa é diferente.
Eu estou num "hotel de luxo" e basta sair à porta e dar a primeira curva para entender isso mesmo.

Cá dentro a amizade e a família são essenciais para ultrapassar as dificuldades constantes. Lá fora, num país em que tudo falta e a pobreza é regra as dificuldades são mais que as que possamos imaginar. E acredito que tudo acaba por ser ultrapassado graças à simplicidade e alegria com que os angolanos levam o dia a dia.

Diz-se que quem não tem nada, nada tem a temer. É assim que vivem os angolanos e será assim que eles vão conseguindo resistir às extremas agruras desta vida onde nada é certo.

É fácil estar cá umas semanas.. fazemos o trabalho a que nos comprometemos e tudo com a certeza que daqui a pouco estarei de volta a casa.. onde o planeamento ainda é possível.. onde se tem controlo (por mínimo que seja) do que nos rodeia, do nosso dia, da nossa vida.

Aqui.. tudo isso é.. nada. Os valores são outros. Para os angolanos a vida é o dia de hoje. Os objectivos (para quem os tem) mudam com a direcção do vento.. Tudo é incerto... e eles lá vão conseguindo sobreviver. É por isso, graças a esta resistência e persistência, que eu tenho a certeza de que a vida por estes lados só pode melhorar. Eles estão a fazer o melhor que conseguem. Com uma ajuda do exterior (e quero acreditar que é para isso que cá estamos) eles irão conseguir.